Médico critica comportamento de jovens em SC: “sentem que têm passaporte de segurança”

A pandemia do coronavírus não acabou em Blumenau ou em qualquer outro canto do estado, mas o comportamento de muitos parece sinalizar justamente o contrário. O relaxamento com as normas, como o uso de máscara e o distanciamento social, ficou ainda mais evidente no último feriado, com imagens de lotações em praias que viralizaram na internet. Para o médico infectologista Amaury Mielle, a falta de bom senso principalmente dos jovens tem um preço alto: — Será que as pessoas não pensam que podem ser responsáveis por um óbito no hospital? Infelizmente a morte dessas vítimas foi banalizada, isso é o mais doloroso — desabafa.

Mielle acredita que os descuidos podem ser explicados por alguns fatores, como o fato do país nunca ter adotado um plano de contingência claro o suficiente, o que resultou no sentimento de “cada um por si”, mas principalmente pela falta de compromisso com o próximo. Para o médico, a pandemia ressaltou o quão egoísta o ser humano consegue ser.

— É desinformação associada a ações egocêntricas. Eu não quero generalizar, mas esses jovens sentem que têm um passaporte de segurança. Se o coronavírus atingisse a população de maneira homogênea (a maioria dos mortos tinha mais de 60 anos), talvez o comportamento fosse outro. Mas o que ninguém fala é que tem jovem morrendo, ficando com sequelas — alerta.

A solução? Na opinião do infectologista, os números já não assustam e a não ser que os leitos de UTI atinjam o limite de ocupação, dificilmente as posturas mudarão. Ou seja, só a vacina pode resolver o problema.

Segunda onda?

Com restaurantes cheios, praias lotadas, confraternizações e tantos outros comportamentos, há chances de outro pico do coronavírus acontecer em novembro, como previu a infectologista Sabrina Sabino? Para Mielle, não há previsão de uma “segunda onda” em Blumenau porque a cidade sequer saiu da primeira.

— Eu chamaria de reincidência. Não temos o controle do vírus, pode ter um aumento de casos, não há dúvida. E aí, como convencer as pessoas de que elas precisam ficar em casa? Quem tem coragem em ano eleitoral de chegar e mandar fechar bares? É muito complicado. (O combate à pandemia) Começou errado vai terminar errado  — opina.