
Os relatos de maus-tratos investigados em uma creche particular em Florianópolis vão da chantagem ao uso de cobertor para abafar o choro de bebês. A situação foi denunciada pelos pais depois que vídeos das cenas passaram a circular nas redes sociais. A unidade suspendeu as atividades por tempo indeterminado na segunda-feira (4).
Em uma das gravações, uma mulher usa um cobertor para abafar o choro de uma bebê. Também são ouvidos xingamentos contra as crianças. Uma funcionária, que não quis se identificar, relatou que as agressões feitas sempre pela mesma pessoa eram constantes.
A mesma funcionária conta que castigos, como deixar alunos sentados sozinhos por 15 minutos, ou trancá-los numa sala para chantagear, também eram recorrentes.
Segundo a Diretora de Polícia Civil da Grande Florianópolis, Michele Alves Correa Rebello, uma suspeita, testemunhas e pais serão ouvidos nesta semana.
“Já iniciaram as investigações preliminares, e o boletim de ocorrência já foi formalizado por algumas mães. Ela [a suspeita pelos maus-tratos] deve ser ouvida e vamos confirmar ou não os fatos que trouxeram até a polícia”, disse.
O Conselho Tutelar de Florianópolis também informou que recebeu denúncia e investiga a situação. “A Secretaria de Assistência Social poderá ser acionada caso sejam necessárias ações de acompanhamento posterior aos envolvidos”, escreveu a prefeitura.
A Secretaria de Educação da Capital disse que vai enviar uma equipe para visitar a escola nesta terça-feira (5).
Outras denúncias
Pais de alunos ainda contaram que a comida cedida às crianças, prevista na mensalidade do local, era ofertada em quantidade insuficiente. Disseram que elas chegavam em casa com fome depois de passarem o dia na creche (veja abaixo).
Eles acrescentam que mudanças nas atitudes das crianças estariam chamando a atenção. William Ribeiro, um dos pais que fez a denúncia, diz que o filho estaria mais agressivo em casa.
“Ele quer me colocar de castigo muitas vezes. E a gente nunca usou a palavra ‘castigo’ em casa”, comenta.
O que diz a creche
A creche Bem-Me-Quer, que fica na região continental da Capital, divulgou um comunicado através dos advogados, afirmando que as denúncias são “fake news”. De acordo com a nota, a escola “não reconhece a validade das imagens divulgadas” e declara que “fica à disposição para prestar eventuais esclarecimentos”.
As atividades escolares foram suspensas na segunda-feira (4), segundo o comunicado, sem data para retorno.
Procurada pela reportagem, a direção da creche não quis comentar as imagens.
Informações G1