Para Angela Merkel, incêndios na Amazônia devem ser debatidos no G7

Os incêndios na Amazônia são uma situação urgente que deve ser debatida no encontro de cúpula do G7, afirmou, nesta sexta-feira (23), um porta-voz da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. Ela é a terceira líder do G7 que sinaliza que o grupo pretende discutir o fogo na floresta amazônica: Emmanuel Macron, da França, e Justin Trudeau, do Canadá, já se pronunciaram da mesma forma.

“A magnitude dos incêndios é preocupante e ameaça não só o Brasil e os outros países afetados, mas também o mundo inteiro”, disse Steffen Seibert, representante de Merkel.

A primeira-ministra está convencida de que o tema deve ser debatido pelos países que vão se reunir para o encontro do G7, previsto para este fim de semana, em Biarritz, no sudoeste francês, segundo o porta-voz.

Reino Unido manifesta preocupação

O Reino Unido está preocupado com os incêndios na floresta amazônica e o primeiro-ministro Boris Johnson vai dizer, no encontro de cúpula do G7, que é preciso renovar o foco na proteção da natureza, de acordo com afirmação de seu gabinete nesta sexta-feira (23).

“O primeiro-ministro está gravemente preocupado pela alta da quantidade de incêndios na floresta amazônica e o impacto de trágicas perdas nesse habitat”, disse um porta-voz.

Macron, da França, diz que tema é urgente

O presidente da França, Emmanuel Macron, também afirmou em uma rede social na quinta-feira (22) que é preciso discutir o tema na reunião.

“Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional. Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência!”, escreveu o francês.

A floresta amazônica não pode ser considerada o pulmão do mundo, pois consome a maior parte do oxigênio que produz.

Canadense também quer falar sobre Amazônia

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, respondeu ao francês na mesma rede social.

“Eu não poderia concordar mais, Emmanuel Macron. Nós trabalhamos muito para proteger o ambiente no G7 no ano passado em Charlevoix, e precisamos que isso continue nesse fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta –nossos filhos e netos contam conosco.”

Os países que participam do G7 são:

  • Alemanha
  • Canadá
  • Estados Unidos
  • França
  • Itália
  • Japão
  • Reino Unido

Acordo entre o Mercosul e a União Europeia

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, afirmou que o país vai buscar bloquear o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), a não ser que o Brasil proteja a floresta amazônica, de acordo com jornais irlandeses.

O voto para ratificar o tratado comercial está agendado para dois anos, e nesse tempo o Brasil será monitorado, segundo o irlandês.

Varadkar também comentou as afirmações sem evidência de Jair Bolsonaro de que ONGs podem estar por trás de queimadas na Amazônia para ‘chamar atenção’ contra o governo –o brasileiro disse isso na quarta-feira (21).

O irlandês classificou essa alegação como “orwelliana”, em uma referência ao romancista George Orwell, que escreveu livros de temáticas distópicas.

Ativista também se manifesta

A ativista adolescente Greta Thunberg, da Suécia, também se pronunciou sobre o tema. “Até aqui no meio do Oceano Atlântico eu escuto sobre o recorde de incêndios devastadores na Amazônia. Meus pensamentos estão com os afetados. Nossa guerra contra a natureza precisa terminar”, ela escreveu.

Ela está no meio de uma viagem de veleiro entre o Reino Unido e Nova York, onde vai participar de uma reunião da ONU.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na quinta (22) estar profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica.

Resposta de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro respondeu ao francês Macron pelas redes sociais na quinta (22). Ele disse lamentar que o presidente da França “busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil” para “ganhos políticos pessoais” e criticou o “tom sensacionalista” sobre a Amazônia. Ele também disse que o francês se refere à Amazônia “apelando até para fotos falsas”.

A imagem que Macron usou junto com seu texto na rede social é antiga: ela foi feita pelo americano

O post do presidente francês é acompanhado da foto de um incêndio florestal Mas a imagem, na verdade, é antiga. Foi feita pelo fotógrafo americano Loren McIntyre, que morreu em 2003.

Para Bolsonaro, a declaração de Macron “evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”.

Fonte: G1 Notícias