Taxa de desempego atinge 13,8% e falta trabalho para 32,9 milhões brasileiros, aponta IBGE

trabalho

A crise no mercado de trabalho gerada pela pandemia agravou um problema antigo do mercado brasileiro: pouca oferta de vagas para uma demanda cada vez maior. Dados da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostram que entre abril e julho faltou trabalho para 32,9 milhões de brasileiros. Trata-se do patamar mais alto da série histórica, iniciada em 2012.

Este pico inclui um patamar recorde de desemprego. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego atingiu 13,8%. Cerca de 13,1 milhões de pessoas estão nessa situação.

É a maior taxa de desemprego desde o início da pesquisa, em 2012. Na comparação trimestral, a desocupação só não foi mais alta entre fevereiro e abril de 2017, auge da crise no mercado de trabalho, quando atingiu 13,6%.

O cálculo da falta de trabalho é feito a partir do que o instituto chama de subutilização. É o grupo que reúne que reúne os desempregados, os que trabalharam menos horas do que poderiam e os que estavam disponíveis para trabalhar mas não procuraravam uma vaga.

Além dos 13,1 desempregados, são mais 5,7 milhões subocupados por insuficiência de horas e outras 13,9 mihões que estão na força de trabalho potencial. No total, são mais 4,2 milhões comparado ao período anterior a pandemia.

A população ocupada encolheu 8,1% em 3 meses, recuando para 82 milhões, o menor contingente da série. O número representa uma redução de 7,2 milhões pessoas em relação ao último trimestre pré-pandemia e de 11,6 milhões na comparação anual.

— É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos — ressalta Adriana Beringuy, analista do IBGE —  Temos perdas contínuas e não notamos sinais de recuperação. Ainda que dados mostrem um não aprofundamento (da crise), estamos num cenário de perdas, às vezes não quantitivas, mas qualitativas.

A demanda baixa da economia nesse período fez com que houvesse mais demanda do que oferta de postos. Com isso, a busca por emprego cresce em ritmo superior ao número de pessoas empregadas, levando ao aumento da taxa de desocupação

Especialistas afirmam que o desemprego deverá continuar crescente nos próximos meses, diante da redução do efeito renda positivo associado ao auxílio emergencial e da continuidade do processo de melhora nos indicadores econômicos, com mais pessoas buscando uma vaga e saindo do desalento.

O desalento, composto pelo trabalhador que nem procurou vaga na semana, porque não achou que conseguiria bateu recorde, atingindo 5,8 milhões de pessoas.

Levantamento feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, mostra que há uma relação inversa entre taxa de desocupação e taxa de isolamento social. Ou seja, à medida que o indicador de distanciamento cai, o desemprego sobe.

— Além de tirar o trabalho, a pandemia também impossibilitou sua procura, ou por conta das medidas restritivas, ou porque as atividades econômicas estavam suspensas ou, ainda, por questões de saúde pessoal — lembra Adriana.

A expectativa é que o pico de desemprego ocorra em meados em 2021, quando as medidas emergenciais forem completamente interrompidas.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Contínua não é comparável com os dados da Pnad Covid, pesquisa semanal de emprego do IBGE. As metodologias das duas pesquisas são distintas.