Uso da bicicleta recebe destaque neste momento de pandemia

uso da bicicleta

O uso da bicicleta, tanto como transporte, quanto como esporte, já vinha ganhando cada vez mais adeptos nos últimos anos. A febre é justificada pela crise de mobilidade urbana, e pelos benefícios do uso da bike: além de diminuir o trânsito de veículos, evitar a poluição e ser um meio de transporte rápido, barato e prático, ainda faz bem pra saúde.

Atualmente, o esporte ganhou ainda mais destaque no mundo. Após o surgimento da pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19), a população mundial teve que se modificar drasticamente em favor do distanciamento social, uma das únicas medidas efetivas na prevenção do contágio. A tendência é que neste momento pós-quarentena, em que diversas atividades já estão liberadas, as pessoas evitem o transporte coletivo, dando preferência a meios de transporte individuais. Além disso, o período conta com um clima de incertezas financeiras, o que põe o uso da bike ainda mais em destaque, por apresentar grande economia e baixa manutenção.

Diversas cidades ao redor do mundo, como Londres, Barcelona, Bogotá, Roma e Nova York têm adotado e incentivado o uso da bicicleta, recomendada inclusive pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS) por facilitar o distanciamento social. Países como a Itália e a França, por exemplo, elaboraram até incentivo financeiro para fomentar o ciclismo. No total foram mais de 100 cidades do mundo que aderiram à recomendação e criaram estruturas temporárias como incentivo.

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Foto por Edenilson Simioni

O Brasil, apesar de não ter apresentado medidas governamentais nesse sentido, sente a influência do movimento no resto do mundo e detecta uma expansão no uso da magrela, como é popularmente chamada. Na região norte do Litoral Catarinense, proprietários também relatam uma melhoria no mercado.

Segundo Lucas Antônio da Silva, proprietário da Innova Bikes, situada em Porto Belo, o interesse na região cresceu principalmente pelo uso da bicicleta como atividade física e hobby. Ele relata um aumento de 20 a 30% no movimento do estabelecimento após o início da pandemia. “A nossa região já tem um bom público ciclista, tanto por ser uma região bastante plana, o que facilita a prática da atividade, quanto pelas paisagens e orla maravilhosa”.

“A bike sempre foi uma solução fácil para problemas difíceis”, cita o proprietário da loja Bike Avenida, Alexsandro Dal’Annio. Para ele, que observou um aumento em pelo menos 30% das vendas, assim como os hábitos de higiene, a tendência do uso de bicicletas continuará em ascensão.

Os benefícios para saúde, sem dúvida, somam à lista de vantagens trazidas pelas magrelas. Segundo o Epidemiologista e Pós-doutorando em Ciências do Movimento Humano, Alan de Jesus Pires de Moraes, o ciclismo é um esporte ideal para manter-se ativo neste período em que estamos vivendo, pois promove naturalmente o distanciamento social. “Essa prática apresenta grande vantagem para o condicionamento cardiorrespiratório, para nosso condicionamento físico, sistema circulatório, além de ser benéfico para o sistema imunitário”, explica Alan. No entanto, o profissional alerta para o uso de máscara e recomenda a prática moderada, pois segundo ele, a exaustão pode prejudicar o sistema imunitário, ao invés de auxiliá-lo.

O empresário Juliano Salvadori, também relata um aumento significativo do interesse no uso da bicicleta. Segundo o proprietário da Riders Bike Shop, em Balneário Camboriú, com o impacto causado pelo enclausuramento, a bike foi uma opção que possibilitou um contato sem riscos com o mundo externo, a natureza e o ar livre.

O comerciante André Belegante, morador de Porto Belo, confirma a teoria de Juliano. Após o retorno das atividades, vendeu o seu aparelho de video game para comprar uma bicicleta. “Era uma vontade que eu já tinha, e como passamos muito tempo trancados em casa, a bicicleta além de representar uma economia financeira, permitiu com que eu me exercitasse em percursos simples, como na ida para o trabalho. É uma opção saudável e econômica”, explica André.

O ciclista e ex-atleta Moisés Homem, engajado em “grupos de pedal”, diz que o número de adeptos certamente aumentou após o início da crise sanitária. “Mesmo quem já tinha uma bicicleta e não fazia tanto o uso, decidiu tirar a poeira e voltar a usar. Até quem antes utilizava apenas como meio de transporte começou a se arriscar a destinos mais longos e se apaixonaram pelo mundo de duas rodas”, destaca.

A bicicleta entrou como a principal ferramenta do mundo moderno para a locomoção urbana, segundo Juliano Salvadori, por ser um meio de transporte barato, não poluente, e prático. “Você pode pegar atalhos, andar na contramão ou por percursos que um carro não passaria, por exemplo, como parques e orla da praia”.

Ele ainda destaca que além de tudo, a bike proporciona uma atividade física outdoor muito prazerosa, além de ser muito acessível e inclusiva: “quase todo mundo sabe andar de bicicleta, e para iniciar não é preciso grandes esforços. É possível começar com pequenas distâncias e ir evoluindo gradualmente”.  O ex-atleta Moisés concorda: “O que torna o ciclismo mais fascinante é que ele é para todos, pois quase todo mundo tem uma bike em casa”. Ele ainda aconselha: “experimente, tenho certeza que você vai se apaixonar”.

Jornalista: Camila Diel Gomes