Verão em SC: com praias lotadas, comerciantes apontam escassez de mão de obra, diz pesquisa

A contratação de mão de obra qualificada tem sido o principal desafio para proprietários de bares e restaurantes de Santa Catarina nesta temporada de verão. O dado foi apontado na pesquisa realizada pela Abrasel SC (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), em levantamento realizado entre 23 de dezembro e 9 de janeiro.

A boa notícia é que, apesar disso, o movimento nos estabelecimentos tem sido bom para 49%, indicando um crescimento igual ou superior a 15% em relação ao mesmo período na temporada anterior. A pesquisa abrangeu restaurantes, lojas de conveniência, bares e casas noturnas na Ilha, Continente, Litoral Norte e Sul.

Conforme a presidente da entidade no Estado, Juliana Mota, de maneira geral o resultado da pesquisa é positivo para um segmento que ainda está tentando se recuperar das sequelas deixadas pela pandemia.

“Mais ou menos 50% tiveram um bom resultado, mas ainda temos outros 50% que estão trabalhando ou com equilíbrio ou com prejuízo, que não tiveram lucro. Isso é ruim porque estamos falando de um setor que ainda está endividado desde a pandemia”, avalia.

Ainda sobre o movimento, apesar da maioria ter notado um aumento, 25% apontaram uma queda.

“O segmento tem 89% de inadimplência em impostos federais somente no Estado. Isso significa que um pouco mais de 50% dessas empresas não estão nem faturando acima da inflação, então fica um cenário difícil se a gente não tiver ajuda do governo federal para melhorar o setor”, complementa.

Desafios do verão para bares e restaurantes em SC

Foram apontados nove principais desafios que impactam, de alguma forma, os estabelecimentos na temporada. O primeiro da lista é a contratação de mão de obra qualificada, com 75,4%. Segundo a presidente, o baixo índice de desempregos no Estado é um dos principais motivos para essa falta.

“Quando falamos de mão de obra qualificada é aquela pessoa já treinada para o cargo. Mas, hoje, não temos nem a pessoa não treinada”, diz Juliana.

Para ela, há duas soluções para o problema: a vinda de pessoas de outros Estados e o aumento de salário. “Uma condição da melhora de pagamento é uma solução. Mas, novamente, para isso acontecer, o governo precisa ajudar com redução de impostos, custos, para daí melhorar o salário”, pondera. Outros desafios apresentados foram o trânsito, 33,5%, e o alto custo dos insumos, 26,9%.

Para Juliana, uma grata surpresa foi o quesito segurança pública. De acordo com os dados, este item é considerado satisfatório para os empresários do segmento. Tanto que apenas 3% apontaram a segurança como um problema. “Isso confirma Santa Catarina como um dos principais destinos turísticos do país e um dos mais seguros”, comenta.

Sobram vagas no verão de SC

Em relação à contratação de colaboradores temporários, 42% dos empresários precisaram contratar entre um a cinco funcionários para a temporada. Logo em seguida, 39% relataram que não contratou ninguém. Bem distante, 9% contrataram de seis a dez pessoas, e o resto se dividiu em 5% de 11 a 15 contratações e mais de 15 contratações.

No último trimestre, quanto ao reajuste nos preços do cardápio, quase houve um equilíbrio entre os empresários que optaram por aumentos de cerca de 10%, representando 34%, e aqueles que escolheram um aumento de 5%, totalizando 32%. Cerca de 20% dos entrevistados optaram por absorver os custos sem aumentar os preços, enquanto 14% decidiram por um reajuste de 15% nos valores.

Expectativa para o fim do verão

Questionados sobre a expectativa quanto ao restante da temporada, 47% dizem que será com resultados superiores à passada. Enquanto isso, 38% acreditam que ficará no mesmo patamar e 15% avaliam que haverá decréscimo. “Antes de realizar a pesquisa, acreditávamos que seria uma boa temporada, e está sendo uma boa temporada de movimento, mas por várias razões, às vezes até pela falta de mão de obra. A gente não consegue faturar tanto porque não tem funcionário para atender, os altos custos dos insumos geram esse resultado parcial de empresas que não tiveram resultados tão bons”, relata.

Um ponto de destaque foram as festas de Réveillon, que foram muito concorridas. Segundo a presidente, “essa repercussão positiva deixou os empresários contentes, já prevendo um reflexo do sucesso de 2024 e 2025”.

Por fim, Juliana expressa otimismo quanto aos resultados que serão alcançados até o término da temporada.

“A Abrasel está confiante de que teremos uma temporada positiva em todas as regiões litorâneas até o fim do verão. Muitas empresas contam com a temporada, às vezes para suprir as contas do ano e, embora o crescimento em comparação ao ano anterior seja motivo de celebração, pode ser melhor”, conclui.