Com P1 e ‘explosão de casos’, SC ocupa 2º lugar em ranking nacional

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No mês de julho, Santa Catarina ocupou o 2º lugar do ranking nacional de incidência de casos de Covid-19 por 100 mil habitantes, conforme dados apresentados no último boletim do Necat (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense), da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

O Estado chegou nesta posição já em junho, e de acordo com o coordenador geral da pesquisa, Lauro Mattei, é reflexo da “explosão de casos” registrada nos últimos meses, com o impacto da variante P1. Até dezembro, Santa Catarina ocupava a oitava colocação no ranking.

Conforme o boletim, no ranking de Coeficientes de incidência da Covid-19 por 100 mil habitantes em todos os Estados brasileiros, Santa Catarina fica atrás apenas de Roraima.

Essa posição, na análise de Mattei, se deve ao salto no número de casos que ocorreu, sobretudo, nos meses de março, abril e maio. “Foi uma explosão de casos e mortes”, afirma.

No coeficiente da mortalidade, no entanto, Santa Catarina não está entre os primeiros. O Estado ocupa o 13º lugar.

Mesmo assim, a marca no número de casos não representa uma boa notícia, avalia o coordenador do Necat.

“A variante P1 impactou muito a dimensão da pandemia no Estado. Há pouco tempo, Santa Catarina estava entre as cinco Unidades Federativas com os menores índices de mortalidade. Entre fevereiro e junho esse índice piorou muito”, analisa Lauro Mattei.

O Estado era o oitavo colocado do ranking nacional até dezembro de 2020, e passou a figurar entre os primeiros colocados em janeiro, quando terminou o mês na quarta colocação. Desde então, Santa Catarina já ultrapassou o Amapá e o Distrito Federal.

 

Faltou prevenção?

O disparo catarinense depois da onda de casos no primeiro semestre do ano levanta questionamentos quanto à gestão do Estado em relação ao combate à pandemia.

O professor de medicina da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), especializado em Saúde Pública, Márcio Accioly Fossari, avalia que Santa Catarina pecou na prevenção.

“Em política pública poderíamos ter sido melhores na prevenção, sempre nos cuidados e prevenção teremos os melhores resultados. Tivemos muita exposição conjunta das pessoas, e isso pode ser determinante na manutenção dos casos”, afirma.

Além disso, as medidas fundamentais para evitar a propagação do vírus não foram bem executadas, na opinião do professor.

“Certamente encontramos as maiores dificuldades nas testagens e isolamentos inicialmente. Sempre penso que a Covid-19 é uma doença com determinante comportamental, o comportamento de protegermos o próximo, a pessoa que pode adoecer se não tivermos cuidado e educação para saúde”.

Fossari vê com bons olhos os números de redução em internações na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), e atribui a melhora ao avanço na vacinação.

A reportagem tentou contato com a SES (Secretaria de Estado da Saúde), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

 

Casos de Covid-19 em SC em comparação ao Brasil

O coeficiente estudado na pesquisa do Necat indica o número de pessoas doentes para cada 100 mil pessoas em um determinado período. Quanto maior for esse coeficiente, maior é o número de pessoas contaminadas no local.

Ao comparar o coeficiente de Santa Catarina, que é de 15.525,0 com o do Brasil, que é de 9.460,2, o Estado catarinense apresenta uma incidência 1,64 vezes maior de incidência de casos de Covid-19 no ranking nacional.

Além disso, o índice catarinense é 3,26 vezes superior ao do Maranhão, que tem o menor coeficiente do país.

Os 10 Estados brasileiros com maior incidência de casos de Covid-19 por 100 mil habitantes – Foto: Reprodução/Necat/UFSC

 

Tendência de queda, mas cenário “muito grave”

Segundo a análise de Lauro Mattei sobre a pandemia da Covid-19, com base também no último Mapa de Risco do Estado, a tendência finalmente é de queda no número de casos, mas cenário ainda está “longe de ser confortável”.

“Obviamente que se compararmos a situação atual, do mês de julho, com a situação caótica vivida entre os meses de fevereiro a maio, a situação está bem melhor agora. Mas ainda está longe de ser um cenário confortável, o qual foi obtido nos meses de setembro e outubro de 2020, quando a média semanal móvel de casos era inferior a 900 casos/dia e a média semanal móvel de óbitos ficou abaixo de 10 mortes diárias. Portanto, ainda temos um longo caminho pela frente para vencer essa batalha…”, diz Mattei.

Quanto à tendência de queda observada pelo analista, ele esclarece que nos últimos 14 dias houve redução de 21% na média semanal móvel de novos casos diários.

“A imunização completa da população deverá ser o diferencial, como temos visto em países em que a vacinação da população avançou mais rapidamente que entre nós. Ainda teremos longos meses pela frente em que cada um deverá manter todos os cuidados no sentido de não facilitar a propagação da virose, sobretudo diante da eminência de uma nova onda decorrente da nova variante [Delta] que já está no Estado”, conclui.

Informações ND+