‘Crueldade coletiva e medieval’: ex-ministro condena Farra do Boi em SC

Farra do Boi

O início de abril é marcado, infelizmente, pelo combate da Farra do Boi no Litoral de Santa Catarina. Após apelação de juíza do Rio de Janeiro, o ex-ministro do meio ambiente, Carlos Minc, publicou um vídeo protestando contra a violência animal causada no feriado de Quaresma.

Desde o início de 2021, a PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) registrou seis ocorrências de maus-tratos contra animais até esta quinta-feira (8).

O deputado Carlos Minc (PSB-RJ) publicou um vídeo onde condena a prática da Farra do Boi e demonstra apoio ao pedido da juíza do TJRJ (Tribuna de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), Rosana Navega Chagas, de maior fiscalização do Estado e municípios.

 

Brasil bate novo recorde diário de mortes por Covid-19: 4.249

 

“A Farra do Boi é uma crueldade coletiva e medieval que, depois de muitas denúncias de ecologistas, sobretudo, da atividade em Santa Catarina, foi proibida por leis federais e por decisão do supremo, mas que está voltando em plena pandemia”, disse Carlos Minc.

Não é de hoje que o ex-ministro vem lutando contra a Farra do Boi. Há 10 anos atrás, Carlos Minc, então presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), participou de um protesto em frente à sede da Justiça Federal do Rio de Janeiro, com cerca de 80 ambientalistas.

“Se aceitarmos a tortura dos animais, em breve, não estaremos mais vivendo numa civilização, e sim em meio à barbárie, disse Carlos Minc em entrevista ao Estadão.

Além do ex-ministro do meio ambiente, a atriz e ativista da causa animal, Alexia Deschamps, também reforçou as palavras da juíza contra a prática.

Florianópolis lidera registro de ocorrências em 2021

Conforme o levantamento da PMSC, Florianópolis registrou quatro casos de maus-tratos até esta quinta-feira (8). O primeiro no bairro Rio Tavares e outro na região do Porto da Lagoa.

As outras duas ocorrências foram registradas através de denúncias. A primeira, por volta de 1h do domingo (4), no Rio Tavares. A segunda, também no domingo (4), por volta das 16h20, na SC-406, próximo do Auto Campeche. No entanto, a guarnição chegou ao local e não encontrou nenhum animal ou movimento da Farra do Boi

Os outros dois casos foram registrados em Bombinhas, no Litoral Norte, quando um boi invadiu uma piscina para fugir dos farristas, e em Porto Belo, onde outro animal foi resgatado.

Em nota, a PMSC informou que a Operação Quaresma esta desde o dia 22 de fevereiro trabalhando no combate aos maus-tratos. Além disso, destacou que o número de ocorrências geradas, no mesmo período do ano passado, foi menor. Em 2020, houveram 34 ocorrências.

“O Comando-Geral da PMSC, neste sentido, entende como adequada a ação operacional para coibir eventuais ocorrências desta natureza a animais, comuns nesta época do ano em algumas localidades do litoral catarinense”, destacou a PMSC.

É possível denunciar através do aplicativo PMSC Cidadão, disponível em Android e IOS, e pelo plantão 190.

Praticantes são multados em R$ 10 mil

Trazida como tradição Açoriana, a Farra do Boi é considerada crime desde 1998, em lei federal que prevê pena de, no máximo, três anos de prisão.

Além de responder pela violação, quem patrocinar ou divulgar será multado em R$ 10 mil, já os participantes, tanto agredindo quanto assistindo, a multa é de R$ 1 mil

A Polícia Civil de Bombinhas investiga, cerca de um ano, uma grande associação criminosa responsável pela organização da Farra do Boi. O inquérito foi finalizado no dia 1º de abril. No total, oito pessoas foram indiciadas pelo crime.

“Três dos indiciados faziam parte do núcleo da associação criminosa. Um morador de Tijucas era responsável por fornecer os bois. Outro, de São José, ficava com o transporte e o terceiro era o organizador em Bombinhas. Outros três foram por participar ou financiar”, explicou o delegado Ricardo Melo.

Além dos oito envolvidos, mais um transportador responsável por levar os bois para Porto Belo foi indiciado. O delegado Ricardo Melo informou ao ND+ que o homem não tem ligação com os outros oito investigados.