Fiocruz alerta para baixa procura pela vacinação infantil contra Covid-19

Mais de 60% das crianças entre 5 e 11 anos de idade ainda não tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19. É o que aponta uma nota técnica divulgada nesta quarta-feira (16) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Além das crianças, o grupo de pessoas com idades entre 12 e 49 anos também não chegou a 90% de cobertura vacinal com a primeira dose. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos de idade, 16,4% ainda não tomaram nenhuma dose do imunizante, seguidos pelos adultos de 40 a 44 anos de idade, com 15,2% não vacinados.

Os dados consideram o período entre 17 de janeiro de 2021 e 12 de março de 2022. A nota tem o objetivo de orientar estratégias para aumentar a eficiência da campanha vacinal no país e combater as fake news.

“Os divulgadores de notícias falsas elevaram o tom da especulação, causando insegurança em muitos pais sobre os riscos de vacinar seus filhos”, ressalta a nota.

Prestes a completar 14 meses do início da imunização, o Brasil tem a 12ª melhor cobertura vacinal do mundo, à frente de países como os Estados Unidos e o Reino Unido. Até 12 de março, 81,8% da população havia tomado pelo menos a primeira dose da vacina e 73,9% estavam com o esquema vacinal completo, com as duas doses ou dose única.

Já sobre a aplicação da dose de reforço, a nota mostra que até o momento nenhum grupo etário alcançou a taxa de 80% de vacinados – nem mesmo os idosos, que foram os primeiros elegíveis à aplicação. “As internações em leitos clínicos, leitos de UTI e óbitos hospitalares têm cada vez mais concentrado exatamente entre os idosos mais longevos. Desta forma, idosos que não mantém esquema com reforço em dia estão em situação particularmente perigosa, mesmo com o arrefecimento da incidência e mortalidade na população como um todo”, alertam os pesquisadores.

Os cientistas orientam que é preciso cautela na tomada de decisões pelos gestores, especialmente na flexibilização do uso de máscaras e relaxamento do distanciamento físico. A recente alta da Covid-19 em países da Europa e da Ásia deve ser encarada como um alerta para que o Brasil não cometa os mesmos erros.

“Não é razoável pensar que se trata de uma escolha, entre vacinar ou usar máscaras, ou entre usar máscaras ou estar exclusivamente em ambientes abertos. Todos os recursos disponíveis para impedir a circulação do vírus devem ser tomados de forma concomitante. Portanto, estimular o aumento da cobertura vacinal não exclui as demais estratégias de proteção, sejam individuais ou coletivas”, ressalta a Fiocruz.