Impasse paralisa repasse de R$150 milhões para hospitais catarinenses

A falta de repasse de recursos federais pelo governo do Estado tem gerado conflitos entre o Executivo e os hospitais filantrópicos e estaduais. O impasse tem base na ne­cessidade de apresentação de documentações para o recebimento dos recursos, e também falta de diálogo entre as partes.

Segundo a Associa­ção de Hospitais de SC (Ahesc), são cerca de R$ 150 milhões entre recursos de emendas parlamenta­res, auxílios emergenciais da pandemia, e outros procedimentos do SUS parados no Executivo. O valor é uma projeção, fruto de análise de portarias federais e levantamento entre as próprias unidades.

A principal reclama­ção é quanto à demora nos repasses. O recurso é federal e o Estado só faria o meio-campo para as ins­tituições estaduais, mas o tempo de atraso em alguns casos passa de 40 dias. A portaria federal 1.393, por exemplo, foi depositada para o Estado em maio e ainda não chegou aos hospitais. “Eu não sei o que esse governo tem contra os hospitais comunitários. A gente aprova PL, ele veta ou então entra na Justiça, e quando não consegue na Justiça, não cumpre”, disse um dirigente.

A Secretaria de Estado da Saúde não confirma o valor, mas diz que houve demora no envio de docu­mentações necessárias pe­los hospitais. Além disso, a pasta afirma que cobrou as unidades e enviou ofícios às entidades pedindo celeridade no encaminha­mento dos documentos.

O empecilho repercutiu na Assembleia Legislativa, que discute um projeto de lei para facilitar as transa­ções e obrigar o governo a pagar em até cinco dias, pelo menos os recursos ligados à Covid-19. “Nós estamos recebendo recla­mes direto dos hospitais. A Secretaria de Saúde não consegue celebrar convê­nios. É incapaz e insensível no repasse dos recursos federais onde devem che­gar”, disse Milton Hobus (PSD).

A proposta é de autoria da deputada Paulinha (PDT), mas recebeu alte­rações do relator do texto, Luiz Fernando Vampiro (MDB). Entre outras coi­sas, o emedebista incluiu na matéria que, caso o governo não deposite os repasses em até cinco dias, o secretário de Estado de Saúde incorrerá em crime de responsabilidade. O projeto ainda está em dis­cussão nas comissões.