No limite, hospitais de SC não recebem pacientes do Samu

Samu

A superlotação dos hospitais em Santa Catarina, em função da pandemia de Covid-19, está dificultando, também, o trabalho do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A OZZ Saúde, empresa que administra o serviço no Estado, alega que os profissionais estão com dificuldades para encontrar vagas disponíveis e encaminhar os pacientes socorridos por ambulâncias. A empresa enviou um ofício à SES (Secretaria de Estado da Saúde), no último sábado (20), informando o problema.

Outros três ofícios foram enviados em março nos dias 14, 17 e 19, abordando as dificuldades encontradas, no momento em que UPA’s e hospitais de referência operam acima da capacidade resolutiva.

Os ofícios também apontam que, como os trabalhadores do Samu não estão conseguindo entrada nas portas de emergência, pode ocorrer uma paralisação parcial do serviço, decorrente da possível baixa de Unidades de Suporte.

Situação grave em Balneário Camboriú

No ofício de sábado (20), a OZZ relata situação gravíssima identificada pela CRRIH (Central Regional de Regulação de Internação Hospitalar), de Balneário Camboriú.

Segundo a empresa, quando não consegue vagas, a CCRI de Balneário lança mão de utilizar o Samu, para forçar a transferência de pacientes.

“Ocorre que, se a CRRIH não encontra vaga, o mesmo ocorre com a Central de Regulação de Urgências, que, na prática, fica impossibilitada de direcionar o paciente – não há, no momento, possibilidade de se implementar a dita “vaga zero”, porque não há, de fato, vaga na rede de referência”, diz a OZZ em nota.

A empresa acredita que a prática é uma tentativa de retirar a responsabilidade da CRRIH e dirigi-la ao Samu.

A OZZ pediu medidas de contingência da SES, para evitar a paralisação, ainda que parcial, do SAMU.

Também pediu orientação da Secretaria de Saúde para adotar a melhor conduta, quando não conseguir a entrada de paciente nas portas de emergência.

Resposta da Secretaria de Saúde

A Secretaria de Saúde se manifestou em nota, informando que a Superintendência de Urgência e Emergência respondeu aos ofícios da OZZ e forneceu os respectivos direcionamentos.

Reforçou que presta e continuará prestando assistência a todo o catarinense que procure o serviço pré-hospitalar, pois é um princípio fundamental de uma instituição como o Samu.

A Secretaria admitiu que há limitações: “É importante relembrar que durante um momento como esse, no qual uma pandemia atinge todos os setores da saúde, as limitações não são exclusivas de um ou outro serviço”, informou a pasta em nota

A SES ressaltou, ainda, que alternativas e outros encaminhamentos, como vagas e transferências, são buscados diariamente pela Secretaria, que acompanha atentamente o cenário.

Profissionais sobrecarregados

Advogado especialista em direito médico, Henrique Manoel Alves afirma que os profissionais do Samu estão trabalhando em linha de risco, com alto nível de estresse e sobrecarga de serviço, sem reforço na equipe.

“O Samu não pode ficar parado como está acontecendo. Cinco, seis horas com um paciente dentro da ambulância esperando uma vaga zero. Não, estamos modificando o serviço e não é para isso que o Samu serve”, disse.

Carta aberta de médicos que atuam no serviço

Em carta aberta, médicos que atuam no Samu de Santa Catarina relatam outros problemas, por exemplo, a falta de profissionais, o que resulta em menos ambulâncias disponíveis para atender a população.

A carta também menciona falta de insumos, a exemplo de respiradores e bombas de infusão, o que torna o transporte de pacientes pelo Samu inviável ou arriscado no Estado.