Entidades médicas aprovam recuo do governo sobre vacinação de adolescentes

Um dia após o Ministério da Saúde recuar da decisão de suspender vacinação contra Covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos, entidades de saúde se manifestaram a favor do novo posicionamento. Na semana passada, a pasta divulgou uma nota na qual orientava a imunização apenas dos jovens com deficiência permanente e comorbidades.

A revisão ocorreu após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o ministério terem concluído que o caso da adolescente de 16 anos que morreu no interior de São Paulo não teve relação com a vacina que ela recebeu uma semana antes.

Pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo destacou que a revogação ocorreu porque houve pressão da comunidade científica, da sociedade civil e de profissionais da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização Covid-19 (CTAI) ameaçaram deixar suas funções no órgão. A médica reiterou que essa faixa etária é responsável por boa parte da mobilidade social e, portanto, deve ser vacinada.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, enxerga o recuo como uma admissão, por parte do ministério, de que a suspensão fora precipitada, porque a investigação da morte da jovem ainda não havia sido concluída. Ele avaliou que a nota reestabelece as recomendações das entidades científicas.

“Os especialistas se posicionaram e o ministério entendeu também que os dados foram surgindo. A suspensão foi precipitada no sentido de que a investigação ainda não estava concluída e foi criado esse cenário de temor em relação à vacinação dos adolescentes”, pontuou Kfouri.

Mais de 20 estados brasileiros mantiveram a vacinação contra a Covid-19 em adolescentes sem comorbidades, mesmo após o Ministério da Saúde ter orientado suspender a imunização deste grupo.