Santa Catarina registra mais de 200 mil casos de doenças diarreicas em 2023

O ano de 2023 foi marcado por surtos de doenças diarreicas agudas (DDA) no Estado de Santa Catarina. Em apenas um ano, mais de 200 mil casos da conhecida “virose de verão” foram registrados, conforme a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC). Além disso, o Estado enfrentou o maior número de surtos dos últimos cinco anos, totalizando 341 casos da doença.

O médico gastroenterologista Nelson Cathcart Jr., explica os motivos dessa alta no número de casos da doença no último ano:

— Em 2023 tivemos um aumento no número dessas viroses. Isso provavelmente esteve relacionado com o grande número de pessoas. Essas aglomerações, juntamente com uma série de pontos de balneabilidade inadequados e também por conta daquelas enchentes que assolaram o nosso Estado — explica o médico.

Segundo o especialista, as chuvas que assolaram Santa Catarina nos últimos dois anos acabaram trazendo enchentes que fizeram com que o esgoto transbordasse. Essa água contaminada escoa para os rios, que consequentemente, desaguam no mar. Isso aumenta o risco da disseminação das “viroses de verão”, visto que nesta estação as pessoas costumam se banhar nas praias.

— Nessa fase específica, aqui nos balneários de Santa Catarina, são locais onde existem condições favoráveis para que elas se disseminem, como aglomeração de pessoas, às vezes a higiene precária e manipulação de alguns alimentos, às vezes a falta de higiene adequada por parte das pessoas que relaxam nos cuidados nessa época do ano — diz Nelson Cathcart Jr.

Doenças diarreicas agudas (DDA)

As DDAs, segundo a Dive-SC, são um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais. O principal sintoma costuma ser o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência, acompanhada ou não de náuseas, vômito, febre e dor abdominal, podendo durar até 14 dias.

A Dive-SC ainda destaca que a doença pode causar desidratação leve à grave, sendo que crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas (grupo de risco) são mais vulneráveis. O médico alerta que principalmente nestes casos é importante estar atento aos sintomas, não se automedicar e, caso necessário, procurar uma unidade saúde para tratamento adequado.

— As infecções por vírus do aparelho digestivo não têm um tratamento específico, não se deve usar antibiótico para esses casos. A principal forma de tratamento é prevenir a desidratação, porque durante os quadros de desidratação as pessoas precisam procurar um atendimento já de média complexidade para fazer medicações endovenosas (diretamente na veia) — explica.

Prevenção da doença

Para o gastroenterologista, uma maneira de prevenir os surtos e evitar a sobrecarga do sistema público e privado de saúde na temporada de verão é disseminar a informação sobre a doença. Confira uma lista divulgada pela Dive-SC de cuidados necessários para evitar o adoecimento e a transmissão de viroses para outras pessoas:

  • Cuidar com a qualidade da água ingerida que deve ser tratada, fervida ou mineral;
  • Evitar a ingestão de frutos do mar crus, carnes mal passadas, especialmente sem saber a procedência;
  • Ao levar alimentos para a praia, cuidar da higiene e manter a refrigeração adequada;
  • Não consumir sucos, batidas, caipirinhas e outras bebidas não industrializadas sem saber a procedência dos ingredientes utilizados;
  • Não consumir alimentos fora do prazo de validade, mesmo que a aparência seja normal;
  • Não consumir alimentos que pareçam deteriorados, com aroma, cor ou sabor alterados, mesmo que estejam dentro do prazo de validade;
  • Higienizar as mãos com frequência, especialmente antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar os alimentos, amamentar e tocar em animais;
  • Não frequentar locais com condição imprópria para banho.

Preocupada com a alta nos casos da doença, a Secretaria do Estado de Saúde (SES) informou que está trabalhando para prevenir a ocorrência de novos surtos de diarreia em 2024.