Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física durante a pandemia

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Diante desse momento atípico da história, as consequências vão muito além do risco de ser contaminado ou transmitir a Covid-19. O isolamento, a instabilidade financeira, mudanças bruscas na rotina e a própria ansiedade em relação à contaminação com a doença são alguns dos fatores que estão afetando a nossa mente nos últimos meses.

Estamos estressados, e isso pode ser explicado pela ciência: diante de uma ameaça à vida, nosso cérebro ativa um mecanismo de defesa. Se trata de um instinto de sobrevivência herdado dos antepassados, que quando se deparavam com uma situação de perigo, tinham que agir rapidamente: partir pra cima ou sair correndo. Essa reação é provocada quimicamente em nosso cérebro por uma injeção de adrenalina.

Em 2020, nosso inimigo não tem rosto e pode estar em qualquer lugar, o que acaba representando uma sensação permanente de perigo, provocando um descontrole na nossa saúde mental. Além disso, diversos estudos apontam que a falta de contatos sociais traz prejuízos à saúde. Para piorar, quando não estamos isolados, é necessário lidar com rostos mascarados, o que nos impede de interpretar as emoções e dificulta ainda mais as interações sociais.

Segundo a Fiocruz, é fundamental manter ativa uma rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares e amigos. Se engajar em grupos e/ou ações compartilhadas também é indicado, já que traz a sensação de pertencimento social. É importante investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse, como meditação, exercícios físicos e de respiração, prática de hobbies ou outras alternativas que ajudem a situar o pensamento no momento presente.

Vale lembrar que as condições da saúde mental repercutem diretamente no corpo e vice-versa. Estar com a saúde mental debilitada pode prejudicar o funcionamento de diversos sistemas do nosso organismo, inclusive nosso sistema imunológico, deixando nosso corpo mais vulnerável à vírus, bactérias e outros tipos de doenças, até mesmo ao coronavírus, em caso de infecção. “Por isso, ter o cuidado com nossa saúde mental é tão importante quanto nos protegermos da contaminação por Covid-19”, destaca a psicóloga Caroline Casagrande, moradora de Itapema.

Confira algumas dicas deixadas por Caroline para lidar com o estresse causado pela pandemia:

– Ouça notícias importantes sobre a situação, mas procure não voltar a atenção para isto em tempo integral, escolha momentos para receber as informações necessárias.

– Siga as recomendações de higiene e segurança dos órgãos competentes. Feito isto, procure não poluir seus pensamentos sobre situações hipotéticas. Isso só irá lhe trazer mais preocupações e fará aumentar a ansiedade.

– Tente manter uma rotina diária, mas não se oprima se não conseguir, seja compassivo consigo mesmo.

– Lembre-se que, mesmo neste momento delicado em que vivemos, sempre há o que agradecer. A gratidão atua na neuroquímica cerebral, ativando a sensação de bem estar.

– Não sabe ao que agradecer? Quem sabe comece por agradecer a vitamina D gratuita que recebemos ao tomar sol, que ativa a imunidade e também potencializa o bem estar! Faça uso deste benefício natural.

– Procure incluir alguma atividade física como prática diária, pode ser um alongamento ou até mesmo uma breve caminhada. A atividade física melhora a oxigenação sanguínea e ativa neurotransmissores como serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de felicidade e bem estar.

– Permaneça atento à sua respiração. Caso sinta-se ansioso ou desanimado, faça algumas respirações mais profundas concentrando-se em memórias positivas, como algo que você gosta ou alguma música especial. Sempre há uma boa memória à qual recorrer!

– Converse com amigos e familiares sobre como se sente, isto ajuda a aliviar a tensão.

Caso sinta que, mesmo com estas dicas, o desânimo e ansiedade persistem, procure ajuda profissional. Uma dica é utilizar o serviço do CVV – Centro de Valorização da Vida, pelo site  ou contatando o número 188; este serviço é gratuito e as pessoas são treinadas para lhe auxiliar. Se mesmo assim persistir o mal estar, procure um profissional psicólogo.