Terceira dose da vacina contra Covid-19: o que dizem estudos

Terceira dose

Após o surgimento de novas variantes do novo coronavírus (Sars-Cov-2), estudos com uma possível terceira dose dos imunizantes contra a doença têm sido autorizados por agências reguladoras.

A situação voltou a ser bastante discutida na internet após a situação do ator Tarcísio Meira que, mesmo tendo tomado as duas doses do imunizante, precisou ser intubado por conta da Covid-19. Afinal, será necessária uma terceira dose de reforço?

A Sinovac anunciou, nesta terça-feira (10), os resultados de estudos que apontaram para a eficiência de uma terceira dose da vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa, a Coronavac.

Uma das pesquisas, conduzida na China, avaliou o uso do imunizante em adultos saudáveis de 18 a 59 anos. Os testes apontaram que a aplicação de uma terceira dose de seis a oito meses após a segunda induziu uma “forte resposta imunológica”, com o nível de anticorpos neutralizantes até cinco vezes maior que após a segunda aplicação.

“Mostrou o que nós já sabemos. Com duas doses existe uma imunização e, após seis meses, se a pessoa recebe uma dose adicional, a resposta é multiplicada de três a cinco vezes” afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, durante entrevista coletiva do governo estadual de São Paulo, nesta quarta (11).

O outro ensaio apontou que uma terceira dose será necessária para adultos de 60 anos ou mais. Nesse grupo, a aplicação da terceira dose foi feita mais tarde, oito meses depois do esquema de duas doses estar completo. Segundo Covas, a resposta foi até “mais substancial”. “De cinco a sete vezes superior à resposta após as duas doses”, relatou.

“São resultados que confirmam a efetividade de uma dose adicional. Isso não quer dizer que está sendo proposta uma dose adicional. Isso depende de outros fatores, inclusive com relação ao problema da circulação de variantes. São dois estudos importantes, dois primeiros estudos a serem divulgados”, concluiu o diretor.

Outros imunizantes

A terceira dose também é testada em alguns países com outros imunizantes. Em Israel, por exemplo, as doses de reforço começaram a ser oferecidas no final de julho para pessoas com mais de 60 anos, como um dos esforços para retardar a propagação da variante Delta. A medida foi posta em prática antes mesmo da aprovação pela Food and Drug Administration dos Estados Unidos (órgão semelhante à Anvisa no

Brasil).

Aqui no Brasil, a Anvisa também autorizou em julho a realização de um estudo clínico para avaliar a segurança, a eficácia e a imunogenicidade de uma terceira dose da vacina da AstraZeneca. A aplicação será feita em participantes do estudo inicial que já haviam recebido as duas doses do imunizante, com um intervalo de quatro semanas entre as aplicações.

A terceira dose da vacina da AstraZeneca será aplicada em voluntários com idade entre 18 e 55 anos, entre 11 e 13 meses após a segunda dose, em estudo de fase III, controlado, randomizado, simples-cego (só o voluntário não saberá se tomou uma dose da vacina ou de placebo).

 

O que diz o especialista

A reportagem conversou com o médico infectologista Martoni Moura e Silva para entender melhor o assunto. Segundo o especialista, uma possível terceira dose, caso indicada, será baseado em estudos que comprovem a sua maior eficácia, mostrando que a defesa do paciente tenha caído.

“Ainda estamos aprendendo com a Covid-19. Sabemos que a vacina associada às medidas de distanciamento social e uso de máscaras são as melhores ferramentas para combatermos a disseminação do vírus. Precisamos ser mais ágeis com a vacina. O vírus circulando facilita o surgimento de novas variantes”, alerta o médico.

“A permanência do vírus gera possiblidade de mutações. Todas as vacinas usadas a nível mundial de larga escala já aprovadas nas agências são eficazes. E a variante Delta, por exemplo, cuja característica é de maior disseminação, tem poder de infecção maior”, pontua o médico.

Questionado sobre a situação do ator Tarcísio Meira, Martoni explica que é “um ponto fora da curva”. “A vacina não é 100%, ela previne para formas mais graves da doença, mas não é 100%”, explica.

“Acredito que a vacinação indo na velocidade que vem se apresentando, com 2 milhões de vacinas por dia, a gente vai atingir um patamar adequado de transmissibilidade e número de casos que seja algo que faça parte do dia a dia. Vamos conviver com a Covid-19 e, com isso, vamos conviver com a campanha de vacinação e uso de máscara, até conseguirmos ter uma taxa de transmissão adequada, abaixo de 0,7”, completa Martoni.

 

Terceira dose será aplicada em SC?

A reportagem questionou a SES (Secretaria de Estado da Saúde) se Santa Catarina avalia a aplicação de uma terceira dose no Estado futuramente.

Por meio da Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), a reportagem foi informada que o Estado segue as recomendações repassadas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) e que, até o momento, não há estudos conclusivos sobre a necessidade de uma terceira dose ou dose de reforço.

 

Como o Brasil lida com a situação?

O Ministério da Saúde afirmou que irá iniciar um estudo para avaliar a necessidade de reforço vacinal para quem tomou o imunizante Coronavac.

“A pesquisa, que será realizada em parceria com a Universidade de Oxford e deve começar em duas semanas, vai verificar a intercambialidade dessa vacina com outros imunizantes disponíveis para a população brasileira”, afirma a assessoria de imprensa do ministério à BBC Brasil News.

A partir desses resultados, as autoridades brasileiras poderão decidir até o final do ano se adotam a medida ou não.

Por ND+