Testes para diagnóstico de Covid-19: entenda quais são e como funcionam

Testes

No momento em que Santa Catarina apresenta um aumento significativo no número de contaminados pelo COVID-19, já passando de 80 mil casos confirmados, os testes se mostram fundamentais para o controle da doença. Mesmo sem ter atingido o pico da doença, o estado retoma gradativamente suas atividades desde o mês de abril, e com grande parte da população nas ruas, a testagem e identificação do vírus tem sido a estratégia usada para evitar uma maior disseminação do coronavírus. De frente a este cenário, a grande variedade de testes ainda causa dúvida e desconfiança na população, principalmente devido à falta de informação sobre o funcionamento de cada variação do exame.

Foto por Michel Marcos Neumann

Não é raro ouvir teorias da conspiração e relatos de divergência entre os resultados dos testes. Segundo o especialista em Infectologia, Pablo Sebastian Velho, apesar da crença popular, não há um teste “certo” ou “errado”, pois a eficácia do teste aplicado depende do tempo de contaminação. “Ainda não há um exame completamente seguro para ser aplicado ‘em massa’ na população. Entre os testes disponíveis, “é necessário que o profissional de saúde avalie o motivo da realização do teste”, explica.

Os dois principais tipos de exame aplicados na região do Vale do Itajaí são o RT-PCR, o famoso teste do cotonete, e o teste sorológico, conhecido como teste rápido. No entanto, devido à falta de informação, a divergência de resultados em cada tipo de exame tem causado um olhar de desconfiança nas pessoas, fazendo com que uma série de notícias falsas e crenças infundadas sejam disseminadas. O que acontece, segundo o especialista, é que cada teste possui um período ideal para ser realizado, já que identificam o vírus de formas distintas.

“O exame molecular (RT-PCR) identifica a presença do material genético do vírus. Este é o teste ideal para ser realizado nos primeiros dias após o aparecimento de sintomas, pois terá mais sensibilidade para identificar a presença do material genético do vírus entre o terceiro e sétimo dia”, destaca. O exame sorológico, realizado principalmente por meio do teste rápido, atua na identificação, e deve ser realizado apenas após o oitavo dia do início dos sintomas; sua sensibilidade tende a aumentar com o tempo, uma vez que ele identifica principalmente a resposta imunológica do corpo de pessoas que foram expostas ao COVID-19.

“O exame sorológico não identifica o vírus diretamente, como o exame molecular faz. Ele procura nossos anticorpos, ou seja, as defesas produzidas pelo nosso sistema imunológico contra o vírus”, explica Pablo, destacando que, se forem feitos no período errado, ambos os testes têm uma grande chance de apresentar um resultado não confiável. A questão se torna um problema ainda maior para a população “assintomática”, não sendo possível identificar a evolução da doença, já que essa identificação é feita baseada no início da apresentação de sintomas.

A confiabilidade dos testes não são um consenso para a comunidade médica brasileira, que tem defendido o uso principalmente do teste molecular, este que, apesar de perder a confiabilidade a partir da evolução da doença, apresenta maior período de confiabilidade justamente no momento em que o paciente procura a realização do exame: nos primeiros dias de sintomas, tendo maior sensibilidade para detecção após o quarto dia depois do início da manifestação da doença, como afirma o enfermeiro Michel Marcos Neumann, pós-graduado em Saúde Pública.

Michel é um dos profissionais que atuam na linha de frente do combate ao Covid-19, atualmente trabalhando em um ambulatório de Balneário Camboriú. Ele ainda destaca que os casos assintomáticos podem nem produzir anticorpos para a doença, dificultando ainda mais a detecção do vírus por meio do teste rápido.

Jornalista: Camila Diel Gomes