Estudos revelam que umidade do ar pode ter grande influência na propagação da Covid-19

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Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores alemães e indianos concluiu que a umidade relativa do ar pode ter grande influência na propagação do novo coronavírus entre pessoas em ambientes fechados. Segundo a pesquisa, o vírus tende a se propagar com maior facilidade em ambientes mais secos. A descoberta de que a Covid-19, assim como outras doenças respiratórias, pode sobreviver por um grande período em superfícies e, até mesmo no ar, foi o que levantou o interesse em estudar as questões climáticas em torno do vírus.

A infecção de locais e superfícies acontece por meio de gotículas expelidas pelos infectados, que tendem a cair em objetos e superfícies, onde permanecem por horas ou dias, com potencial de contaminação. Há indícios de que a transmissão também possa ocorrer por meio de aerossóis, microgotículas, significativamente menores, que podem ser expelidas até durante a fala. Elas ficam ativas no ar por pelo menos três horas, e podem ser inspiradas por outras pessoas. Essa forma de transmissão ainda é alvo de debate, mas, recentemente, a OMS passou a considerar que existe a possibilidade de que ela seja relevante, e que mais estudos são necessários.

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Créditos Unsplash

Nos estudos realizados pelo Laboratório de Física Nacional CSIR da Índia e pelo Instituto Leibniz de Pesquisa Troposférica da Alemanha (Tropos), os autores revisaram cerca de dez grandes estudos internacionais, realizados a partir de 2007, sobre a influência da umidade na taxa de infecção, sobrevivência e propagação de diferentes vírus. Essas análises foram feitas com o SARS-CoV-2 e também com o H1N1 (influenza), e dois tipos de coronavírus mais antigos, o MERS-CoV e o SARS-CoV-1.

A conclusão foi de que a umidade do ar influencia sim na disseminação viral ao interferir nas partículas. Em locais úmidos, as gotículas virais crescem e caem mais rápido, o que acaba dando menos chances para que outras pessoas inspirem o vírus. Com o ar mais seco, essas gotículas e aerossóis ficam ainda menores, uma vez que o ambiente estimula a evaporação da água. Por isso, tornam-se mais leves, podendo flutuar por mais tempo no ambiente, e ficando à deriva para que outras pessoas as inspirem. Além disso, embora a baixa umidade faça com que as gotículas sequem mais rapidamente, a capacidade de sobrevivência dos vírus permanece alta mesmo em partículas que se depositam em superfícies.

Assim, os autores recomendam que o controle do ar interno deve ser incluído, junto com as medidas usuais de distanciamento e uso de máscara, como estratégia para reduzir a propagação do novo coronavírus em ambientes fechados. Os pesquisadores acreditam que uma umidade relativa de 40% a 60% deva ser mantida como padrão em salas com muitas pessoas, hospitais, escritórios ou meios de transporte público.