A secretária de Saúde de Joinville, Tânia Eberhardt, comparou as filas para atendimento nos hospitais da cidade com o tempo que a população leva para se deslocar até as praias da região Norte de Santa Catarina. A fala foi feita na última quarta-feira (10), em reunião da comissão da Saúde, na Câmara de Vereadores de Joinville.
Na reunião ela cita que há uma “filinha de quatro, cinco e seis horas” nas unidades de saúde, mas seria o mesmo tempo que os moradores levam na BR-280, para chegar às praias.
— Tem uma ‘filinha’ de quatro, cinco e seis horas? Tem. Tem dias que tem. Tem fila, sim. Mas para mim ir pra praia no fim de semana, para São Francisco do Sul, Enseada ou Barra Velha, eu também levo quatro horas na BR-280 — disse a secretária.
Procurada pela reportagem do AN, a prefeitura de Joinville disse que não vai se manifestar.
Segundo a tabela divulgada pelo governo de Santa Catarina, nesta quinta-feira (11), a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Joinville é de 94%, sendo que nos hospitais Bethesda, São José, Regional e Maternidade Darcy Vargas estão em 100%. Ao todo, dos 157 leitos da cidade, 149 estão ocupados.
No dia 2 de abril, um áudio da secretária Tânia para servidores públicos citava “colapso” no sistema de saúde de Joinville. Questionada, a prefeitura citou que o objetivo da mensagem era tranquilizar os trabalhadores da saúde.
Falta de profissionais nas UPAs
Joinville registra filas e problemas nas unidades de saúde desde o começo de abril. No dia 1°, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Leste e Sul, além do PA Norte, o atendimento foi acima do normal, sendo recebidos 2.922 pacientes, aproximadamente 15% acima do habitual, informou a prefeitura de Joinville por meio de nota.
Além disso, à época, três médicos apresentaram atestado, mas o tempo de espera por atendimento foi afetado, uma vez que pacientes com suspeita de dengue demandam uma assistência diferenciada. O tempo de espera chegou a cinco horas, em alguns momentos pontuais.
Conforme a prefeitura, o atendimento de pessoas com suspeita de dengue tende a ser mais demorado. Isso porque o paciente, de acordo com a prescrição médica, pode necessitar de exames específicos e hidratação. Nesses casos, a pessoa está em acompanhamento médico e não aguardando por consulta.
Porém, para atender essa demanda, pode ocorrer que aqueles pacientes com sintomas leves aguardem um tempo maior para passar pelo médico. Isso porque em Joinville, a Saúde trabalha com o Protocolo de Manchester, quando os pacientes mais graves são atendidos primeiro.
Saúde de Joinville tem filas e leitos com alta taxa de ocupação
No dia 1º, por exemplo, os pacientes precisaram esperar 12 horas para atendimento no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, o que gerou revolta nos familiares dos pacientes e a Polícia Militar precisou ser chamada para intervir.
Já no dia 9, o Hospital Infantil de Joinville suspendeu as cirurgias eletivas por conta da alta quantidade de atendimentos de urgência e emergência. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (9), dia em que as pessoas esperaram até sete horas para serem atendidas. Por nota, o hospital afirma que está atendendo em capacidade máxima.