Vacinas são eficazes contra a variante Ômicron? O que sabemos até agora

    A descoberta de uma nova cepa da Covid-19 identificada na África, batizada de Ômicron, e descrita como “de preocupação” pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tem gerado inúmeras perguntas e questionamentos da população. Dentre elas, a principal, as vacinas são eficazes contra a variante? Confira a seguir o que sabemos até agora.

    Com o avanço da vacinação contra Covid-19 no mundo, a expectativa da população para voltar ‘a vida normal’ estava cada vez mais perto de se tornar realidade. Porém, o surgimento de uma nova cepa do vírus, mais potente e com alto risco de reinfecção, têm gerado preocupação sobre um novo surto.

    Conforme explica o imunologista Carlos Rodrigo Zarate Blades, ainda não é possível criar uma vacina 100% eficaz contra variantes.

    “É muito difícil, pois não sabemos qual variante irá aparecer. Existem programas de computador muito bons que conseguem fazer previsões de quais tipos de mutações poderiam acontecer em um determinado vírus”, acrescenta Blades.

    O imunologista ressalta ainda que nem mesmo com programas avançados é possível prever com tanta precisão.

     

    Variante Ômicron é diferente das outras

    A nova cepa tem ao menos 50 tipos de alterações genéticas. Entre elas, 32 estão na proteína spike (ou espícula) do vírus —a parte que conecta o microrganismo à célula humana para iniciar a infecção e é o alvo de vacinas como as da Pfizer, Astrazeneca e Janssen.

    Além disso, descobertas iniciais já determinaram que essa variante é muito diferente da Covid-19 original. Fabricantes e farmacêuticas já começaram a se pronunciar sobre a eficácia dos imunizantes em meio a variante, mas, até o momento, a efetividade dos imunizantes ainda é incerto.

    Vale destacar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que os imunizantes atuais permanecem eficazes contra doenças graves e morte.

     

    Eficácia das vacinas

    Pfizer

    O laboratório alemão BioNTech, parceiro da Pfizer na produção de vacinas contra a Covid-19, informou na última sexta-feira (26) que espera ter os primeiros resultados dos estudos que vão determinar se a nova variante é capaz de escapar da proteção oferecida pelo imunizante em até duas semanas.

    “Difere claramente das variantes já conhecidas porque tem mutações adicionais na proteína spike”, acrescentou a BioNTech. Conforme o portal Estadão, a farmacêutica tem se preparado para adaptar seu imunizante em menos de seis semanas caso apareça uma variante resistente ao produto.

     

    Astrazeneca

    Conforme nota da Astrazeneca, a vacina demonstrou ser eficaz contra todas as variantes de preocupação do SARS-CoV-2 e Covid-19 em ensaios clínicos com 60 mil participantes e em evidências do mundo real em centenas de milhares de pessoas que foram vacinadas em mais de 170 países.

    “Como acontece com qualquer nova variante emergente, estamos examinando a B.1.1.529 (Ômicron) para entender mais sobre ela e o impacto na vacina”, acrescenta a nota.

    “A Astrazeneca desenvolveu uma plataforma de vacina em estreita colaboração com a Universidade de Oxford que permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir. A Astrazeneca também já iniciou pesquisas em locais onde a variante foi identificada, no Botswana e Eswatini, que nos permitirá recolher dados do mundo real da AstraZeneca contra esta nova variante do vírus”, continua.

    “Também estamos testando nossa combinação de anticorpos de ação prolongada, o Evusheld (AZD7442), contra esta nova variante e temos esperança de que o Evusheld (AZD7442) manterá a eficácia, uma vez que compreende dois anticorpos potentes com atividades diferentes e complementares contra o vírus”, finaliza a empresa.

     

    Janssen

    Em nota, a Johnson & Johnson afirmou que desde o surgimento da pandemia monitorada de perto as variantes emergentes da Covid-19.

    Desta vez não é diferente, e a empresa explica que em colaboração com grupos acadêmicos na África do Sul e em todo o mundo, tem avaliado a eficácia de sua vacina em todas as variantes, incluindo a nova variante Ômicron de rápida disseminação.

    “A empresa está testando soro sanguíneo de participantes em estudos de reforço concluídos e em andamento para procurar atividade neutralizante contra a variante Omicron. Além disso, a empresa está buscando uma vacina de variante específica do Omicron e irá desenvolvê-la conforme necessário”, ressalta o comunicado.

     

    Coronavac

    Ainda não há um posicionamento oficial dos fabricantes da Coronavac. Apesar disso, a vacina – que é um imunizante de tipo tradicional, feita a partir do vírus inteiro inativado da Sars-CoV-2 -, pode apresentar vantagem com relação às demais, já que ela ensina o sistema imune a combater o vírus inteiro, e não apenas a proteína spike.

    Sintomas da infecção com nova variante

    De acordo com a OMS, não há informações de que sintomas associados à Ômicron sejam diferentes de outras variantes.

    A médica Angelique Coetze, presidente da Associação Médica da África do Sul, afirmou em entrevista ao jornal The Telegraph, que os sintomas são mais leves.

    Segundo ela, os pacientes apresentaram cansaço excessivo, dores no corpo e na cabeça, sem aparecimento de tosse ou perda de olfato e paladar.

    “Temos de nos preocupar agora é [com o que vai acontecer] quando as pessoas mais velhas e não vacinadas forem infectadas com a nova variante. Se elas não forem imunizadas, veremos muita gente com a forma mais grave da doença”, comenta a médica.

    *Com informações do portal R7 e BBC.