Bactéria letal de meningite que circula em Santa Catarina deixa cidades em alerta

Cidades catarinenses estão em alerta após vítimas fatais e casos suspeitos de meningite bacteriana na semana passada. Tudo começou em Imbituba, quando a doença vitimou Thaiane Gonçalves de Souza, de 12 anos, no domingo (16). A morte fez a Administração Municipal tomar uma medida de precaução na noite de segunda-feira (17).

O Poder Executivo Municipal manteve suspensos os Jogos Estudantis de Imbituba (JEIMB) que são realizados na cidade. A medida foi tomada para evitar a aglomeração de pessoas em locais fechados.

Poucas horas depois, com o surgimento de novos casos “suspeitos” e não confirmados, o Prefeito Rosenvaldo da Silva Júnior decidiu, em comum acordo com a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (SEDUCE) e com a Secretaria de Saúde (SEMUSA), suspender as aulas em toda a Rede Municipal de Ensino.

Casos suspeito em Garopaba

Já na terça-feira (18), o município de Garopaba emitiu estado de alerta sob suspeita de meningite. Apesar de não ter caso confirmado, a prefeitura de emitiu nota para alertar a população.

Bactéria que circula em Santa Catarina é a mais letal

Foi confirmado pela Dive-SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), da Secretaria da Saúde estadual, que o Estado já soma 20 casos de meningite meningocócica, que é a forma mais grave da doença, com três mortes.

A meningococcemia foi diagnosticada na menina após exames realizados pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina), que confirmaram que a meningite foi causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo), do sorogrupo C.b Uma outra menina, também de 12 anos, segue internada em Florianópolis. Ela contraiu a doença na mesma escola de Imbituba. O quadro dela é estado estável.

Segundo o consultor em gestão de saúde, Antônio Ballestero, os casos da doença em 2019 mostram uma mudança no perfil epidemiológico do Estado. “Através dos episódios da Dengue, ainda em andamento e agora da Meningite viral, é perceptível uma alteração bastante preocupante do perfil epidemiológico de Santa Catarina, em especial em algumas regiões, isto precisa ser investigado perante suas causas e origem, paralelamente ações de prevenção, educação e promoção em saúde devem ser intensificadas”, afirmou.

Em relação aos casos mais graves da doença, a meningococcemia pode ser transmitida pelas vias respiratórias e por gotículas e secreções do paciente, contato íntimo (residente da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou alojamento). A propagação também é facilitada em ambientes fechados e/ou sem ventilação.

Apesar dos números, não há surto da doença

A doença meningocócica é rara. Em 2019, houve um caso para cada 350 mil habitantes, aproximadamente. “Sabemos que é uma doença que causa pânico e comoção na população e, com isso, muitas informações desencontradas são divulgadas. O fato é que os casos registrados da doença registradas em Santa Catarina ainda estão dentro do já esperado para o período do ano. Não há surto”, frisa o médico infectologista da DIVE, Fábio Gaudenzi.

De acordo com ele, os profissionais de saúde fazem a notificação imediata quando identificam com um paciente com meningite. “A partir daí, o caso já passa a ser investigado para que a equipe de saúde possa tomar as providências, dando o tratamento mais adequado de acordo com o agente causador”, explica o médico.

Cuidados

O fato de não haver surto, no entanto, não significa que a população possa se descuidar. Os cuidados básicos continuam sendo necessários. As meningites bacterianas e virais demandam ações semelhantes àquelas adotadas para a prevenção da gripe, como evitar ambientes fechados, respeitar a etiqueta da tosse e manter as mãos higienizadas

A meningite meningocócica é transmitida por meio das vias respiratórias, no contato próximo com secreções, gotículas do nariz e da garganta expelidas pela fala, tosse e espirro.

Sobre a doença

A meningococcemia, assim como a meningite, é uma doença meningocócica, uma bacteriana aguda e fatal, causada pela Neisseria Meningitidis. A diferença entre os dois quadros é que na meningite a bactéria causa inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central e no caso da meningococcemia, a infecção é generalizada.

Os sintomas são dor de cabeça Intensa, febre, manchas vermelhas, vômito e rigidez de nuca.