Aproximadamente 200 pessoas participaram, ontem, na sede da Federação das Indústrias (Fiesc), em Florianópolis, da Jornada de Debates Fake News X True News – o valor do jornal. O evento é a XII edição do Workshop de Integração da Associação de Diários do Interior (ADI-SC), agora com o reforço do SCPortais. O objetivo da iniciativa é promover o debate de temas atuais e diretamente relacionados à comunicação. Por isso o público alvo são jornalistas, editores e diretores de diários associados e parceiros da ADI-SC, profissionais de outras áreas da comunicação, como publicitários, além de advogados e assessores de políticos, especificamente nesta edição, por interesse no tema.
O webjornalista William Waack foi o convidado especial para abordar os vários aspectos envolvidos nas notícias falsas. “Cubro eleições desde 1976, em diferentes países, e nunca vi uma sequer em que o adversário não
usasse o que pudesse para obter vantagem sobre outro”, disse para exemplificar que as fake news não são novidade e não têm a ver com tecnologia. Existem há muito tempo e só ganham ênfase agora com a perda de referência de credibilidade de quem antes era o guardião da verdade
objetiva dos fatos. “Os veículos de comunicação perderam
credibilidade. As pessoas olham para quem confiavam e se sentem desamparadas. Para reverter este quadro é preciso ser transparente e ter o público como foco”, sugeriu.
Ainda assim, ele acredita que o efeito das notícias falsas nas eleições de outubro está sendo superestimado. “Não é o foco central e não decide eleição. O que define o voto é a capacidade deste ou daquele grupo de conseguir uma narrativa que saia de um grupo restrito para alcançar outras tribos”, finalizou.
Não é assim que pensa o desembargador Ricardo Roesler, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC), que prevê que uma notícia falsa poderá mudar o resultado final em disputas mais acirradas. No Momento TRE-SC, ele falou sobre “Eleições, Organização e o Voto”. “Estamos diante da maior eleição da história. O número de eleitores ultrapassa os 146 milhões no país, 5 milhões em Santa Catarina; 57% do eleitorado brasileiro irá votar com identificação biométrica, 60,7% em Santa Catarina; e o eleitor deverá escolher seis candidatos – presidente, governador, dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual”, pontuou Roesler.
O desembargador fez um apelo para que os candidatos se concentrem em suas propostas, deixando de lado a prática de desconstruir a imagem de seus adversários, algo que, defende, a população já não suporta. Ele parabenizou a ADI-SC pela iniciativa do que chamou de “agenda positiva”. “Os veículos de comunicação precisam abrir espaço à boa política, sem desqualificar ou desequilibrar a disputa.”
A Jornada de Debates foi aberta pelo presidente da ADI-SC, Ámer Felix Ribeiro, que, junto com o anfitrião, o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, recebeu os componentes da mesa. Foram chamados o governador Eduardo Pinho Moreira, o desembargador Ricardo Roesler, o presidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI), Ademir Arnon, o presidente da ADI-BR, Jedaías Belga, e o deputado Gabriel Ribeiro, representando a Assembleia Legislativa.
Entre os participantes estavam ainda o secretário de Estado da Comunicação, Gonzalo Pereira, os deputados Esperidião Amin, federal, João Amin, estadual, e diretor Administrativo do BRDE, Renato de Mello Vianna, o presidente do Sindicato das Agências de Propaganda (Sinapro-SC), Pedro Cherem, o presidente do Grupo RIC, Marcello Petrelli, o presidente da Adjori-SC, Miguel Gobbi, e o presidente do Grupo NSC, Mário Neves, entre outras personalidades. A realização do evento recebeu o apoio da ACI, da Fiesc e da Celesc.